sábado, 29 de março de 2008

Resposta ao Sr. Jorge Roque

Uso este espaço para publicar a minha resposta ao comentário que o Sr. Jorge Roque espalhou por vários Posts e aqui mais abaixo reproduzido pelo bird. Desculpem o testamento...

Caro Jorge Roque

Começo por felicitá-lo pelo facto de, finalmente, alguém dar a cara neste espaço a favor das obras de ampliação.

Embora pessoalmente, tivesse esgotado os meus argumentos em relação a este assunto, acho que o seu comentário se reveste de uma forma e de um conteúdo que suscitam uma obrigatória resposta da minha parte, por vários motivos.

Em primeiro lugar, averbar de insanos quem, a título de pura rebeldia inocente, se auto intitula de soviético, revela uma forma bem particular de avaliar as coisas. Informo-o que, a título pessoal, não me agrada particularmente o epíteto, da mesma forma como, certamente, não me agradaria ser apelidado de “Santo Ofício”. Pois em ambos os casos carregaria sobre mim o peso de intolerância e genocídios, não é verdade? Penso que nenhum dos auto-intitulados “soviéticos” pretende colar-se ao regime comunista ou à sua ideologia (que as camadas jovens ignoram por completo, asseguro-lhe) e achar o contrário é não ter ainda conseguido enterrar o estandarte do anti-comunismo primário. Sem querer defender ou fazer a apologia desse regime, estará o Sr. Roque com saudades do regime salazarista? Nesse regime não havia necessidade de concordatas pois a igreja católica confundia-se com o próprio estado. Nessa altura era “quem não está connosco é comunista”, princípio nada democrático, antes pelo contrário, princípio autocrático, que nada tem a ver com cristianismo.

Em segundo lugar, em relação à concordada, mesmo não sendo jurista nem ter tido, previamente, conhecimento da mesma, sei que o edifício aqui em debate é propriedade da Igreja Católica e por consequência privado. Nesses simples moldes, na qualidade de leigo, longe de mim a pretensão de me imiscuir em assuntos do foro da Igreja Católica. Porém, todo o caso muda de figura quando, tanto quanto sei, as obras que os Srs. pretendem levar a cabo serão financiadas, em grande parte, pelo erário público. Caro Sr. Roque, esse simples detalhe confere-me, na qualidade de cidadão contribuinte, o direito a emitir a minha opinião e deste não abdico nem abdicarei jamais. Levando esse detalhe ao extremo e interpretando o nº2 do artigo 1º da, por si citada, concordata, a presente obra, sendo realizada com dinheiros públicos, em boa fé careceria de acordo prévio com as entidades civis locais. Pergunto: onde está o acordo com a Junta e a Assembleia de freguesia?

Na questão que levanta sobre a possibilidade da matéria ser referendada, conforme eu próprio sugeri, saiba meu caro que também me informei e que verifiquei que, à luz da Lei Autárquica, este assunto não pode ser referendado por não estar juridicamente enquadrado. No entanto, informo-o que, apesar disso, existem inúmeras paróquias por este país onde foram realizados referendos informais em que os envolvidos, em boa fé, lhes atribuíram um valor vinculativo. Nenhuma lei proíbe esta prática. A isto caro amigo chamo civismo e verdadeira cultura democrática, que é o que defendo desde o início. Concluo este ponto reiterando que ninguém quer apoderar-se do que não lhe pertence. No meu entender, é lamentável verificar que, quando o Sr. Roque olha para a igreja, se limite a ver o edifício. Os valverdenses e os verdadeiros cristãos, esses, vêem muito mais e, imagino eu, vêem o que de facto lhes pertence por direito.

No ponto seguinte, gostava de salientar o dedo acusatório que aponta a todas as vozes contra, por não terem “o mínimo de conhecimento e formação na área” e não conhecerem o “fantástico” projecto. Pessoalmente, não sou formado em arquitectura, engenharia civil, história ou arte sacra e a bem da verdade, nem sequer me parece que esses pré-requisitos sejam necessários para aferir uma questão ligada à sensibilidade e ao bom gosto de cada um. Pessoalmente conheço o projecto apresentado e esse “desedifica-me”. Acusa os “Doutores” de arrivistas e de por em causa a literacia e a Licenciatura do Sr. Padre. Não estará o Sr. Jorge a por em questão as licenciaturas de vários intervenientes? Serão as licenciaturas de padres e das vozes afins as únicas reconhecidas por si como válidas? Será que, em última análise, é preciso ser licenciado para opinar sobre o “fantástico” projecto? Acho que nenhum interveniente deu algum parecer técnico em relação ao mesmo, nem sequer é isso que está em causa. Questionar por isso a habilitação das pessoas para opinar revela um nítido sentido de intolerância à crítica e à diferença o que, mais uma vez, é uma atitude muito pouco cristã. E se é de formação que se trata, parece-me que existem escolas onde se ministram cursos de intolerância e altivez. Pessoal e contrariamente à sua doutrina, valorizo a opinião de todos, até a sua.
Lembro-o que S. Pedro, o primeiro chefe da Igreja, era pescador, era iletrado. Foi pela sua ignorância que Cristo o escolheu?

Em último lugar, quero pedir desculpas ao meu amigo Sr. Jorge Roque por não possuir, à sua semelhança, o dom da eloquência. Só espero que o meu modesto “apedeutismo exacerbado” não fira as suas elevadas capacidades intelectuais e a sua erudição. Espero que esta humilde missiva o alcance, lá no alto da sua arrogância. Espero não o ofender com as minhas palavras pois não quero ser acusado de o plagiar na forma e no conteúdo.

Termino este desabafo aconselhando-o a reler Padre António Vieira. Notará que no seu sermão, S. António, ao invés do Sr. Roque, respeitava os peixes, não os tratava de forma pedante, com desdém. Quem, como o Sr. Roque, se auto-intitula de cristão, devia ter a humildade de o ser.

Quem o despeço sou eu…. Passe bem!

Luís António Brito Batista

10 comentários:

  1. Por acaso já não como peixe à refeição há bué. E todos sabemos que isso é importante numa boa alimentação.

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  2. «Restaurar ou modificar eis a questão»

    Todo o debate sobre a presente questão é por si só demonstrativo da maturidade democrática alcançada pelos aguerridos, corajosos “Soviéticos” (este sim é o verdadeiro sentido da expressão).

    Apesar de ter bem definida a minha opinião, não posso porem deixar de respeitar outras formas de pensar, por muito que me custe.

    É verdade que se trata de uma atrocidade/atentado modificar a mais importante obra erguida na nossa freguesia. Pecam por infundados todos os argumentos até aqui apresentados para proceder a essa alteração. O valor do “Original” é verdadeiramente superior àquele que é alegado.

    Não obstante a CONCORDATA dá à Igreja o direito a adquirir e dispor de um património económico que lhe permita atingir o seu fim: concretizar no mundo a missão que Jesus Cristo lhe deixou.

    Para quem se tenta alicerçar na figura jurídica da igreja para fazer valer (impor) a sua posição, só subscreve com isso, e mais uma vez, a indiferença com que a Igreja por muitas ocasiões tenta “manipular” as mentes mais fracas do seu rebanho. O tempo em que a Igreja ditava e o povo cordeiramente aceitava já lá vai. Agora o povo, democraticamente denominado como soberano, é aquele que dita.

    Porem a igreja continua a tomar as suas decisões alegando um bem comum. A igreja actual deve ser aquela que toma a suas decisões alicerçadas e abalizadas na voz do povo (sendo porem livre de tomar as decisões que entender, segundo a sua corrente…).

    Ainda assim, todos nós sabemos que o bem comum entendido segundo os preceitos da Igreja pode não ser o verdadeiro “Interesse Publico” entendido sobre um princípio mais amplo imparcial e verdadeiramente democrático. Devia assim a igreja por a debate publico (digo votação) este assunto demonstrando assim respeito pela vontade soberana do povo.

    Estou convicto que o Sr. Padre irá ser prudente e evitar males maiores e assim fazer um referendo sobre a questão.

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  3. Este comentário foi publicado no blog da igreja. Ide lá ver peixes...

    Anónimo disse...
    Hola, soy un arquitecto español que recientemente visitó esta iglesia. No dudo que la reforma proyectada vaya a dar un buen servicio a su comunidad, pero estoy seguro que va destrozar una obra arquitectónica singular y muy curiosa. Van a anular de un plumazo todo el efecto de la plataforma de piedra sobre la que se levanta el conjunto con el campanario aislado.

    Sólo me queda la satisfacción de al menos haber estado allí antes de que se lo carguen, y la lástima de que eliminen lo más singular y propio que tenía el pueblo. ¿No habría otra obra más urgente que ésta para dedicar a ella ese dinero?

    30 de Março de 2008 4:32

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  4. Existem realmente pessoas que se julgam acima de qualquer comum mortal. Não há nada a fazer é a vida. Mas esquecem-se com grande facilidade que Cristo quando criou o que nós apelidamos de cristianismo criou-o baseando-se na humildade. Não havia doutores nem engenheiros, mas pescadores, carpinteiros, camponeses,...
    Anos mais tarde, surgiram romanos com interesses políticos e fome de poder que apoderaram-se do cristianismo e o transformaram numa força obscura, que chegou na idade média e até ao séculoXVIII a aniquilar mais de seis milhões de almas impuras, segundo dados históricos. Quando se tem um discurso como o do Sr. Jorge Roque, muito elaborado, ao estilo dos melhores regimes ditatoriais, vê-se que seguiu a mensagem cristã románica, pondo de lado a de Cristo, aquela que é humilde, compreensível e simples, sem títulos e para todos.

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  5. Acham que vale a pena perder tempo com este tipo de pessoa? Falam bem, têm grandes conhecimentos teóricos, andam ao pé dos padres para se promoverem e julgam-se mais sabichões que todos os da sua espécie. No fim são uns tristes ou trastes desta sociedade para a qual nunca contribuiram, só para os seus umbigos, gordos e desproporcionados. Já que esse senhor tem tanto talento para a escrita e se julga santo ao ponto de falar com a pescada, mande um santo ofício ao Vaticano para ser canonizado, ou beatificado, ou pescadificado. A igreja é de todos, cristãos, não crentes, hereges. É um espaço onde as opiniões devem convergir para a coerência e bom senso, não para fomentar as discordias, as divisões e as polémicas. todos devem ser tratados de igual modo, com humildade e simplicidade. Quando se usam discursos elaborados, trabalhados e virados num único sentido isto significa que a evolução do cérebro teve um retrocesso demasiado perigoso, que pode levar à insanidade e a uma falsa tolerância religiosa que já deu muito que falar pela negativa, e foi já aqui dito em opiniões, e que só levou a um único caminho:a ignorância.
    Já agora, senhor Jorge Roque, do seu iluminado pedestal, julga necessário modificar a história arquitectatural de uma simples igreja de aldeia para quê? Para apagar de vez um legado, gerações, história e suas gentes? Faça obra, faça história e depois poderá utilizar verbos bonitos, decretos e bulas papais e, quem sabe, poderá chegar a bispo e modificar à sua imagem a história do seu legado. Já agora para falar com os peixes é só necessário uma cana de pesca, um anzol, uma minhoca e um pouco de jeito para a pesca. A boca dos fiéis quer é só provar, não ouvir, porque os dentes só servem para trincar.

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  6. "Já que esse senhor tem tanto talento para a escrita e se julga santo ao ponto de falar com a pescada, mande um santo ofício ao Vaticano para ser canonizado, ou beatificado, ou pescadificado."

    eheheheh GRANDE!:)

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  7. Jpb disse...
    Sr.Jorge Roque, se do seu nome se trata, leia bem a bíblia e os evangelhos e vá pregar a sua sabedoria para onde bem lhe apetecer, menos aqui, nesta URSS, onde somos ateus e comemos crianças ao pequeno almoço. As licenciaturas dos seus não é mais do que a dos outros. Só que há uma diferença, uns sabem fazer obra com a sua humildade e outros com títulos postumos só sabem criar aquilo que é contrário aos seus ensinamentos. Vá mas é estudar porque tem muito que aprender sobre nós, soviéticos e maus... A sua pescada sabe a podre e o seu pescar é uma grande calúnia para a sociedade, seu falso santo de pau oco.
    João Paulo Brito

    1 de Abril de 2008 12:34

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  8. Alguém me consegue explicar quem é este Sr. Jorge Roque?
    Só para eu ficar esclarecido.

    Obrigado

    Sílvio Roque

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  9. Oi Sílvio. Ninguém faz a minima ideia...

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  10. Não se sabe mas vamos imaginar que o Sr.Jorge Roque é um daqueles aspirantes a padre e que é destacado pelo bispo para substituir durante algum tempo o padre de uma paróquia onde existe uma igreja sempre a abarrotar pelas costuras, tal é o fervor religioso. Mesmo confiante no seu grande conhecimento religioso e nas suas soberbas capacidades de comunicação, no dia do seu primeiro sermão o Sr Jorge Roque ficou tão nervoso que quase não pôde falar perante tamanha multidão.
    O bispo que observou tudo anonimamente, deu-lhe alguns conselhos para que da próxima vez estivesse relaxado. Disse-lhe que deitasse vodca no cálice, e que depois de sorver um ou dois golitos veria que tudo iria correr-lhe normalmente.
    No domingo seguinte, o aspirante a padre pôs em prática o conselho e foi capaz de falar calmamente. Sentiu-se às mil maravilhas. Repetiu o conselho do bispo durante vários domingos, mas o número de fiéis estava a diminuir. Num desses domingos o bispo fez uma nova inspecção e quando no final da missa o Sr. Jorge Roque regressou à residência paroquial, encontrou uma nota que dizia:
    "Caro padre:
    -Para a próxima sorva apenas um ou dois golitos, em vez de tragar tudo de uma assentada.
    -Não ponha limão no cálice.
    -O missal não é um vomitório.
    -O manto da um dos santos não deve ser usado como guardanapo.
    -Existem dez mandamentos e não doze.
    -Existem doze discípulos e não dez.
    -Não nos referimos à Cruz como aquele T granducho.
    -Não nos referimos a Jesus Cristo e seus Apóstolos como JC e a sua Banda.
    -David derrotou Golias com uma funda e uma pedra, nunca lhe foi ao cu.
    -Não nos referimos a judas como o chibo da merda.
    -O Papa é sagrado, não castrado, e não nos referimos a ele como "o Padrinho".
    - O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são o Papá, o Júnior e o Aparecido.
    -Judas vendeu no sinédrio, não na cadonga, e foi por trinta moedas de ouro e não por 15 mil euros.
    -E, por último, o faraó mandou os judeus para o deserto e não para a... da mãe deles.
    Atentamente, o Bispo"
    -

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