segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

a Capital

Pegando na recta final do post do Joãozito, "Agora é tudo diferente.", permitam-me dissertar por aí.
Valverde, a Capital... Vocês sabem do que é que eu estou a falar. Durante muitos anos a nossa terra foi conhecida por ser berço de gente violenta e da inevitável erva que por aí ardia, erva essa que tem sempre lugar no crescimento do valverdense, mesmo de quem não a aprecia. Toda a gente já passou noites de verão na Fonte do Vale com esse cheiro no ar. A diferença é que nesse tempo esse cheiro só se manifestava nesse tipo de "buraco". Havia respeito. Hoje em dia é bem provável que esse cheiro vos atinja num domingo à tarde, bem à porta de vossa casa. Porquê? Porque passou a ser moda fumar em todo o lado. E quem avisa: "Não faças essa merda aí!" ainda leva com olhares indignados e com gozo por ser "retrógrado".
A mim não me incomoda que isso aconteça. O que me incomoda é que venha merda de todo o concelho para a "rua do Muro", a.k.a. "alameda do Loureiro", a.k.a. "parte de trás", fumar charros porque se sentem protegidos da polícia. E essa merda traz atrás de si todos os cagalhõezitos amigos, e as bostas das namoradas, num mar de diarreia social. Acontece também fazerem barulho às tantas da manhã, ou andar a mostrar os carros tuning podre a alta velocidade. Estão a invadir o nosso espaço e quem vai pagar por isso somos nós. Um dia destes, vai acontecer que à saída de um qualquer bar esteja a polícia a zelar pelos nossos interesses. A mim não me apetece ir passar a noite à esquadra, não me parece grande ideia...
O que terá mudado tão drasticamente no espaço de 10 anos? O pessoal mudou. Já ninguém deixa a escola para ir bulir para comprar uma mota. Já ninguém deixa a escola porque está farto. Desta forma, aquela equipa base da escola primária não pode resistir unida por muitos anos porque a vida atira cada um para seu canto. E essa divisão torna-nos mais fracos, deambulamos em amizades que às vezes nada mais têm que as justifique do que uma cerveja no tasco ou um porro à porta. A verdade é que já quase não vejo amigos na minha terra, não como os que tinha quando andava fora. Vejo o pessoal, vejo os putos fixes, vejo gente impecável que se resume a menos de 5% do magote que por aí deambula. Vejo muita mania nos cornos e pouca massa no cérebro, porque afinal, quem pode baza. Porque isto como está, sair só mesmo para ir ver o Rafa de vez em quando, não para ocupar o espaço como meu, como já foi, porque eu já me senti em casa nesta terra. Agora não.
Criei este blog para demonstrar(quem sabe a mim próprio) que vale a pena viver aqui, que há gente com quem vale a pena estar e beber uns copos despreocupados, que não é só a inveja e a estupidez que move as gentes desta terra.
Vou tomar café. Só por tomar café...

4 comentários:

  1. HUUUUMMM...foste bater fundo numa verdadeira questão "a presença de estranhos na nossa aldeia" e o que fazer?
    Também nós cometemos erros e como dizes não temos é que pagar pelos dos outros mas QUE FAZER?
    Acredita amigo que nenhum de nós pode alhear-se do que se vai passando e uma coisa te digo"Sinto-me culpado de ter participado nestas sessões" mas a noção de erro cometido levou-me a alterar rotinas e comportamentos.
    Existe solução e todos sabemos qual "Tiveram coragem da tomar?"
    Problema deles....

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  2. Ó Bird, explica-te lá melhor! Tava a querer responder-te mas não tou a entender o que queres dizer com "Existe solução e todos sabemos qual "Tiveram coragem da tomar?"
    Problema deles.... "

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  3. talvez quem se deva explicar melhor seja eu. quando falo na rua de trás e nos estranhos que por lá passam refiro-me aos que param o carro, fazem o que têm a fazer e bazam, como se a terra fosse algum antro de tóxicos... isso é que me chateia, até porque a maioria não interessa ao menino Jesus. O outro lado da história são o pessoal de fora que habita o espaço sem causar transtorno nenhum e às vezes se vêm envolvidos em situações que nada têm a ver com eles. A solução é a mesma de sempre... desprezo. É pior que o frio da Sibéria.

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