sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Autobiografia

Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa
Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de São Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888.
Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e que foi director-geral do Ministério do Reino e de D. Madalena Xavier Pinheiro.
Ascendência geral - misto de fidalgos e de judeus.
Estado: Solteiro.
Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão mas vocação.
Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1.º dt.º, Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa).
Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.
Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto por várias revistas e publicações ocasionais. o que, de livros e ou folhetos, considera como válido, é o seguinte: «35 Sonnets» (em inglês), 1918; «English Poems I-II» e «English Poems III», (em inglês também), 1922 e o livro «Mensagem», 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria «Poemas». o folheto «O Interregno», publicado em 1928 e constituindo uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.
Educação: Em virtude de, falecido o seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.
Ideologia política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservadorismo, e absolutamente anti-reaccionário.
Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais diante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da maçonaria.
Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.
Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo mítico, de onde seja abolida toda a infiltração católica-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: «Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação».
Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.
Resumo destas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, grão-mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.

Lisboa, 30 de Março de 1935.

NOTA BIOGRÁFICA ESCRITA POR FERNANDO PESSOA[com a data de 30 de Março de 1935]

6 comentários:

  1. Desculpem a minha franqueza, mas fico completamente perplexo com os candidatos à presidente da junta. Ninguém é perfeito, mas desculpem lá. Um só percebe de estradas, outro só fala mal dos outros, e outro não é lá grande exemplo como figura pública. Quem nunca errou que arremesse a primeira pedra, mas que grande calhoada vai pairar nas nossas cabeças.

    ResponderEliminar
  2. Cuidado com a votação do inquérito de valverdecity, pois cada vez que cá venho posso votar. Vejam lá como se pode manipular opiniões...

    ResponderEliminar
  3. Pois dá... É mandar a net abaixo, ligar novamente (já com novo IP) e votar. Mas aldrabar isto... quer dizer, sinceramente... Eu há dias fiz o teste e voltei a fazer agora, são 3 votos.

    ResponderEliminar
  4. "Pensar é estar doente dos olhos"

    ;)

    ResponderEliminar
  5. Se eu enviar o cromo da época 1934/35 do Pessoa para essa morada dele que aí vem, será que ele pode autografá-lo?

    ResponderEliminar
  6. Nunca se sabe... Cromos não faltam...!

    ResponderEliminar