quinta-feira, 20 de abril de 2006

Lembrete

Amigos!
Para aqueles que são demasiado novos ou esquecidos, venho por este meio recordar-vos que na próxima terça-feira há um feriado. Nesse dia não vamos trabalhar porque, entre outros mas principalmente, o Senhor da foto, há 32 anos, conduziu com sucesso um golpe de estado, derrubando um regime fascizoide instalado no poder havia mais ou menos 50 anos. Lembro os mais distraídos que esse pequeno episódio não foi há séculos mas sim há 32 anos. De certo que a maioria dos frequentadores deste espaço nem sequer eram nascidos quando aquilo aconteceu, mas gostava de sublinhar o detalhe, quase insignificante, de que o facto de poderem escrever ou mesmo simplesmente ler este modesto espaço de opinião só ser possível porque o Senhor da fotografia teve a coragem de fazer aquilo com que a maioria do povo sonhava - acabar com o regime.
Se este país não fosse tão policamente correcto e tão provinciano no modo como olha para ele próprio, o Senhor da fotografia seria, na próxima terça-feira, celebrado como um heroí nacional.
O heroí da fotografia é Salgueiro Maia. Espero que os historiadores do futuro lhe façam justiça. Quanto a todos nós, fomos demasiado rápidos a assimilar a Liberdade como um direito adquirido, sem responsabilidades, onde exigimos direitos mas esquecemos deveres.
Esquecemos muito rapidamento que antes da data que vamos celebrar havia poucos Salgueiros Maia e que todos aqueles que, depois, lhe vetiram a pele, não passam de impostores. Porque meus amigos, ainda hoje, os Salgueiros Maia são raros e adormecidos.
ALLEZ

2 comentários:

  1. um discurso muito lindo priminho.... mas nem toda a gente tem esse privilégio de ficar em casa na nostalgia deste dia... há mesmo quem trabalhe :(((( não há direito!!!! jokas

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  2. Há ,ainda,outros heróis. Mas agora temos aqui um dos mais importantes.Eu acho que Revolução é do feminino.Lê o que Sofia de Mello Breyner Andersen disse deste Capitão: « Aquele que na hora da vitória
    Respeitou o vencido
    Aquele que deu tudo e não pediu nada
    Aquele que na hora da ganância
    Perdeu o apetite
    Aquele que amou os outros e por isso
    Não colaborou com a sua ignorância ou vício
    Aquele que foi “Fiel à palavra dada à ideia tida”
    Como antes dele mas também por ele
    Pessoa disse».
    A mesma escritora/poeta(poetisa) escreveu:
    25 de Abril
    Esta é a madrugada que eu esperava
    O dia inicial inteiro e limpo
    Onde emergimos da noite e do silêncio
    E livres habitamos a substância do tempo.
    Mas, também…
    Revolução
    Como casa limpa
    Como chão varrido
    Como porta aberta

    Como puro início
    Como tempo novo
    Sem mancha nem vício

    Como a voz do mar
    Interior de um povo

    Como página em branco
    Onde o poema emerge

    Como arquitectura
    Do homem que ergue
    Sua habitação.»
    António Carlos

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